Evento reuniu uma série de atrações como instrumento de conscientização e reflexão sobre a data
A Prefeitura de Mauá promoveu, neste fim de semana, uma ação especial na Casa do Hip Hop em celebração ao Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. O evento reuniu cultura, cidadania e serviços públicos em um mesmo espaço, com o objetivo de valorizar a luta histórica das mulheres e ampliar o acesso da população a políticas públicas essenciais.
A atividade marcou o início de uma série de ações itinerantes que irão percorrer diversos bairros da cidade. Com forte presença do poder público, a iniciativa foi organizada por um conjunto de secretarias municipais: Políticas Públicas para Mulheres; Proteção e Defesa da Pessoa com Deficiência; Cultura; Relações Institucionais; Educação; Saúde; Meio Ambiente; e Trabalho, Renda e Empreendedorismo.
Ao longo do dia, o público teve acesso a serviços como vacinação contra Influenza, testes rápidos de HIV, sífilis e hepatite, orientação jurídica com apoio da OAB e da Defensoria Pública, além de corte de cabelo, design de sobrancelha e oficinas de graffiti. Paralelamente, o espaço foi palco para diversas intervenções artísticas e culturais, reforçando a importância da expressão e da representatividade negra.
Moradora do Parque das Américas e militante feminista histórica de Mauá, Diva Alves destacou o caráter transformador do evento. “É importante levar ao conhecimento da sociedade a história de luta de pessoas que contribuíram para o desenvolvimento da cidade e que batalharam por avanços sociais coletivos”, ressaltou.
Já a quilombola Kalismara da Silva Soares, moradora do Jardim Zaíra 4, reforçou a importância de manter viva a memória de resistência. “A história não pode parar. Chegamos até aqui com muita luta e precisamos continuar. Levar conhecimento para as pessoas é fundamental, e este tipo de ação é um caminho para isso”, afirmou.
Para o secretário de Cultura, Deivid Couto, a data representa mais do que uma celebração. “É uma ocasião para dar voz e visibilidade às mulheres negras. Ter um evento como esse na cidade é mais do que festejar, é preservar a memória, reconhecer a luta e celebrar a vida de quem constrói diariamente uma sociedade mais justa”, concluiu.
A DATA – Dia 25 de julho tem dupla representatividade. Primeiro por ter sido a data homologada pela ONU (Organização das Nações Unidas), que se refere ao ano de 1992 quando, em Santo Domingo, República Dominicana, realizou-se o 1º encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas, que visava denunciar o racismo e machismo enfrentados por mulheres negras, não somente nas Américas, mas em todo o planeta.
Já, em nível nacional, pela Lei 12.987/2014, ficou estabelecido que em 25 de julho, seria estabelecido o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, que tem o propósito de dar visibilidade ao papel da mulher negra na história brasileira. Tereza viveu entre 1700 e 1770, e foi a líder do Quilombo Quariterê, localizado na fronteira do Mato Grosso com a Bolívia. Por 20 anos liderou a resistência contra o governo escravista e coordenou as atividades econômicas e políticas do Quilombo.
“Esse tipo de evento é um passo fundamental para o fortalecimento da luta contra o racismo e para que a população conheça e reivindique seus direitos. É essencial que nos apropriemos da nossa história, e a OAB está comprometida em contribuir ativamente com esse processo”, destacou Elisabete Aparecido Ribeiro José, presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB.