Museu de Arte de Rua leva oito novos murais a Pinheiros, Jaçanã, Casa Verde e Penha; oito estão previstas para entrega até semana que vem
Mais de 60 propostas artísticas foram contemplados no Edital MAR 2025, cujo contrato prevê entrega de todos os murais até o fim de novembro
Mural “Arquitetura de Nave” no Alto de Pinheiros, contemplado pelo Edital MAR 2025 e entregue no final de outubro. (Foto: Reprodução/Miguel Salvatore)
São Paulo, novembro de 2025 – O mês de novembro leva mais cor, expressão e personalidade às ruas paulistas. A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, anuncia a entrega de oito novos murais contemplados pelo Edital deste ano do Museu de Arte de Rua (MAR). Foram ao todo cinco inaugurados na Zona Norte, na subprefeitura de Jaçanã/Tremembé, Freguesia do Ó/Brasilândia e na Casa Verde/Cachoeirinha; uma na Zona Leste, na Penha; e, por último, um na Zona Oeste, em Pinheiros. Além disso, mais oito serão entregues neste fim de semana.
Os equipamentos municipais da Zona Norte CEU Jaçanã e a ETEC Albert Einstein são novos pontos pulsantes que receberam novos murais do MAR. No CEU, foram dois projetos, ambos da categoria Trabalho em Altura, em paredes maiores de 3,5 metros de altura: “Cartografias afetivas”, de Mimura Rodriguez, e “Sonho é respiro”, da Lolly. A primeira, à base de spray e acrílica sobre a parede, com aplicação de seladora e resina protetora, traz o resgate à ancestralidade e aos elementos naturais do território, representados pelo Rio Curupira e pelos pássaros Jagaçain, com objetivo de reconhecê-los como parte do nosso ecossistema e como um instrumento de transformação social para diálogo e reflexão, pensado também em detrimento do Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU.
Mural Cartografias afetivas. (Foto: Reprodução)
Já “Sonho é respiro”, com pintura em acrílica/látex, parte de múltiplos simbolismos, tais como o símbolo adinkra ananse ntontan da cultura Ashanti (Gana), espada de São Jorge e os livros “A vida não é útil” (Ailton Krenak), “O espírito da intimidade” (Sobonfu Somé) e “Tudo sobre o amor” (Bell Hooks), que buscam mostrar a força dos sonhos e do pensamento como arma de resistência, poder e ocupação.
Na categoria Trabalho em Solo, para intervenções em paredes de até 3,5 metros de altura, há o mural “Ovo é tudo nesse Universo!”, presente na ETEC Albert Einstein, no bairro de Vila Baruel, e criada pelo artista BOMFIM. A proposta é criativa: uma arte cartoon do Universo Galáctico, onde tudo é ovo – desde os planetas, o Sol e meteoros até os extraterrestres. O cerne da ideia mora justamente neste diálogo com o espaço, não só envolvendo o patrono da escola – físico teórico criador da teoria da relatividade, fundamento que serviu para explicar o funcionamento da natureza do universo – mas também levando em conta o seu público jovem estudantil, trazendo bom humor, um olhar diferenciado ao meio que lhes cerca e mais cor para contrastar com as cores escuras da cidade.
Ovo é tudo nesse Universo!. (Foto: Reprodução)
No bairro do Jardim dos Francos, na EMEF Primo Pascoli Melare, perto da Fábrica de Cultura Brasilândia, o mural “Selvagem e Sagrada”, de Jade Matos, escancara a beleza, virtude e rica biodiversidade brasileira como patrimônio sagrado e vivo. Em um tempo marcado pela crise climática e ambiental, a arte de Jade visa um objetivo de se tornar um lembrete contínuo de alerta e esperança, ao mesmo tempo que sua pintura em uma escola mostra um solo fértil de ideias e valores, onde se planta a consciência crítica que florescerá no amanhã.
“Entre Espinhos e Frutos” foi o último mural contemplado pelo MAR finalizado na Zona Norte de São Paulo. Feito pelo artista Ramon Phanton, na Brasilândia, ela pertence à categoria Trabalho em Altura e figura a cultura interiorana e a alma de Goiânia, representada pela figura de um homem sertanejo trabalhador rural cercado por elementos nativos do Cerrado — como o mandacaru, o tucano e o pequi – por meio de seus traços marcantes, cores vibrantes e geometrias pulsantes.
Quadra de Futebol, CDHU e Praça ganham novos olhares pelo MAR 2025
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Por fim, as Zonas Oeste e Leste ganharam murais em seus territórios, ambas com dois Trabalhos em Solo e um em Altura.
Em São Mateus, no CDHU Condomínio São Francisco Residencial Sapopemba, o mural “Plantar o amanhã”, do artista Gugie Cavalcanti, evidencía e homenageia a luta e a determinação da população do bairro no reflorestamento da região, usando como exemplo grandes atitudes do Seu Hélio da Silva – conhecido como Plantador de Árvores, que plantou mais de 41 mil árvores no entorno em 22 anos – e dos próprios moradores do CDHU – que, há mais de 13 anos, criaram e cuidam de um jardim entre os prédios da Companhia de Desenvolvimento Habitacional, lar de árvores frutíferas, plantas de proteção e de uma futura praça de convivência. Dentro das lembranças, Gugie relembra quando antigamente o distrito servia de lar à tribo guarani, um lar destruído pela exploração do pau-brasil e ao descuidado e descompromisso com a vida verde.
A Praça Xavier Pinto Lima, na Penha, perto da estação CPTM, o artista Pelé leva o mural “Sorriso Negro”, uma série de graffitis com o retrato de grandes personalidades negras pioneiras que abriram caminhos frente ao racismo fortemente enraizado na sociedade. Retratos e nomes de potências, como Gilberto Gil, Itamar Assumpção, Leci Brandão, Tony Tornado, Sandra Sá, Dona Ivone Lara, Wilson Simonal e Erlon Chaves, servem não só como homenagem e reconhecimento, mas realça a forte ligação da comunidade negra no bairro, muito importantes para a resistência do povo e a manifestação social, cultural e política da afro-brasilidade nas primeiras décadas do século XX.
No Alto de Pinheiros, uma quadra de esportes fugiu das suas cores convencionais para dar espaço a figuras geométricas sob as mãos do artista Sintético Abstrato. Em “Arquitetura de Nave”, a geometria aqui é mais do que simples formas despojadas, com o mural servindo de expoente ao modernismo amazônico, veia cultural muito forte em Belém do Pará, que acaba ganhando seu refúgio e reconhecimento na maior cidade do Hemisfério Sul. A pintura usou tinta acrílica da linha de pintar pisos e polímeros acrílicos para maior durabilidade, qualidade e realce.
Oito novos murais serão entregues até o final de semana
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Na virada de semana, a partir do dia 16 de novembro, mais oito murais terão sido entregues para a cidade, com sete dentro da categoria Altura e uma na Solo. A região que mais recebe murais deste lote é a Zona Leste, passando pelos distritos de Itaquera, dobradinha de intervenções em São Mateus, Itaim Paulista, Vila Prudente e Cidade Tiradentes. Campo Limpo reaparece recebendo outras manifestações dos contemplados do MAR 2025.
Entre alguns destaques, “Rainbow Warriors: Arte em Movimento”, de Enivo, utiliza as colunas do monotrilho da linha 15-Prata na Vila Prudente para reforçar a importância da mobilidade coletiva e sua integração com a vida urbana. Em Cidade Tiradentes, o seu centro de formação cultural recebe novo propósito com a obra de Ramon Lid “A Criança que brincava com o tempo, quase todo tempo”. O mural mostra a relação contemporânea com o tempo e seus impactos na vida individual e coletiva, fazendo um convite para uma pausa em meio ao urgente, a voltarmos a ser crianças e olhar o mundo com esperança e doçura. Enquanto o CDHU Condomínio São Francisco Residencial Sapopemba, além de receber o mural “Plantar o amanhã”, ainda sedia os murais “Espírito do Lar” – da artista chilena Jocelyn Burgos, que ilustra uma mulher negra que sustenta a casa nas mãos, em homenagem às mulheres que chefiam metade dos lares brasileiros, segundo o Censo do IBGE de 2022, em um distrito que registra maior percentual destas matriarcas de família – e “Nossa conquista” – em que a artista Mille Bitten apresenta um grupo de crianças sentadas nos troncos de uma árvore gigante, louvando a conquista atingida por reivindicações dos moradores em criar mais parques na região e parabenizar a força destes munícipes com o projeto voluntário de arborização do CDHU Condomínio São Francisco Residencial Sapopemba.
Sobre o Museu de Arte de Rua (MAR)
A iniciativa, criada em 2017, tem como principal propósito fortalecer e reconhecer as Artes Urbanas, atuando em duas frentes principais: os “Projetos Especiais”, que estabelecem parcerias com órgãos e setores da Administração Pública para a criação de intervenções artísticas, e os “Editais”, nos quais o MAR promove concursos públicos para selecionar projetos de arte urbana nas categorias Solo (muros) e Altura (prédios). As inscrições são abertas a artistas de todo o Brasil, com a condição de que as intervenções sejam realizadas no município de São Paulo.
Além de fomentar e ampliar as expressões artísticas presentes nos espaços públicos da cidade de São Paulo, o MAR tem como objetivo reconhecer e enaltecer a diversidade da Arte Urbana e promover sua disseminação em todas as macro e microrregiões da cidade, democratizando o acesso à cultura e de suas manifestações artísticas e reinterpretando e otimizando o espaço urbano para além da visão convencional da cidade.
O edital para o Museu de Arte de Rua (MAR) de 2025, com inscrições de propostas artísticas de graffiti, stencil e lambe-lambe/cartazes, tiveram suas inscrições compreendidas entre os dias 6 de março até 28 de abril deste ano. A edição de 2025 teve uma novidade: a destinação de 80% do recurso do edital para propostas de artistas ou coletivos que não tenham sido contemplados pelos Editais passados do MAR, incentivando novos olhares e artistas. O valor total do edital foi de R$4,2 milhões, com o recorde de 637 inscritos e contemplou 66 propostas de intervenção, todas elas sendo entregues ainda em 2025.
Sobre a Secretaria de Cultura e Economia Criativa
A Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa (SMC) de São Paulo, fundada em 1935 como Departamento de Cultura e Recreação, promove a cultura e impulsiona a economia criativa da cidade. Com mais de 90 anos de atuação, valoriza a diversidade cultural, preserva patrimônios e forma profissionais para a indústria criativa. Com uma rede abrangente, a SMC administra 13 Centros Culturais, 7 Teatros Municipais, 20 Casas de Cultura, além da Casa de Cultura Cidade Ademar, que será inaugurada em 2025, 2 museus (sendo o Museu da Cidade de São Paulo – composto de 13 unidades – e o Museu das Culturas Brasileiras em fase de obras), 54 Bibliotecas de Bairro, 15 Pontos de Leitura e 15 Bosques de Leitura, 6 EMIAs (Escolas Municipais de Iniciação Artística) e 3 unidades da Rede Daora – Estúdios Criativos das Juventudes. A SMC ainda atende 104 equipamentos de cultura e CEUs por meio do PIAPI (Programa de Iniciação Artística para a Primeira Infância), PIÁ (Programa de Iniciação Artística) e Programa Vocacional.












